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29 março 2008

A metodologia de trabalho que gerou a AAGIL

Houve um longo período da minha vida em que trabalhei como empregado, algo em torno de 32 anos. A empresa onde trabalhei nos últimos 22 daqueles anos era muito sofisticada e sempre ministrava cursos aos seus funcionários. Éramos cerca de 3.000 pessoas espalhadas por nove capitais brasileiras, a maioria já formada em algum curso de terceiro grau, muitos com boa experiência de vida e em trabalhos anteriores.

Aconteceu que com o passar do tempo, após o fim do último período ditatorial no Brasil, advento da informática de usuários, etc. o discurso daquela empresa nos eventos de treinamento foi mudando. Além de cursos meramente técnicos foram incluindo temas motivacionais, criatividade e interesses. Temas já antigos na área de desenvolvimento de pessoas, mas que para mim eram novidade.

Pois bem, uma das afirmações que vi surgir no contexto de treinamento era de que o dinheiro não era fator motivador para o trabalho, o que eu traduzia para o entendimento de que as pessoas não trabalham por dinheiro, coisa que eu não podia concordar. Para mim, naquela época, era absurdo. E meus professores insistiam dizendo que salário não era motivador para o trabalho, mas que a realização do trabalho podia sê-lo.

Minha experiência posterior àquele período, já como voluntário em trabalhos de organização desportiva, foi que me fez entender e aceitar aquela afirmação. Uma dessas experiências foi justamente o resultado do estudo que fizemos naquela comissão de inliners. Na medida em que o trabalho avançava crescia, também, o interesse dos quatro em achar saídas para o esporte e, embora eu jamais tenha tido dúvidas de que dinheiro é fundamental numa atividade desportiva, a simples vontade, o acreditar que se é capaz, o querer fazer são mais importantes ainda.

Olhando hoje, numa retrospectiva, identifico três momentos bem distintos daquele trabalho memorável.

Começamos com uma abordagem inicial das informações que dispúnhamos sobre legislação desportiva e administração. Houve ocasiões em que apenas conversávamos sobre o modo de se organizar o esporte de acordo com a lei. Aqui eu contribuí compartilhando alguns saberes e experiência que tive na área de administração, inclusive com uma das abordagens que gosto de fazer sobre mazelas administrativas brasileiras recentes que é “explicá-las” em termos de nosso longo passado colonial-escravista.

Nada teria sido feito, porém, no grupo de estudos se não fosse a inteligência e interesse dos participantes, mesmo os eventuais, em tirar o agg inline paraense da estagnação em que se encontrava. A mim, que mal me equilibrava sobre os patins, coube a felicidade de compartilhar o pouco que sabia sobre procedimento técnico que poderíamos adotar para estabelecer as prioridades da entidade que criaríamos.

Posteriormente fizemos levantamento de todos os problemas que conseguíamos identificar na patinação aggressive inline paraense. Como se pode ver, foram e continuam sendo questões de grande interesse tanto para o agg in line quanto para qualquer esporte:

1. Carência de apoio aos atletas;
2. Deficiência na divulgação do esporte;
3. Desinteresse dos atletas pelas questões organizacionais;
4. Deficiência na elaboração de calendário de eventos;
5. Dificuldade financeira para adquirir materiais e equipamentos;
6. Deficiência no conhecimento técnico sobre como são feitas as manobras;
7. Deficiência na estrutura para evolução de atletas;
8. Pouco conhecimento das regras de arbitragem;
9. Relação difícil entre atleta e família;
10. Carência de informação aos atletas;
11. Carência de seriedade de atletas.

Esse foi, então, um dos resultados visíveis daquele trabalho. A parte invisível foi o estabelecimento de deliciosa amizade entre nós e de um compromisso tal que era como se tivéssemos recebido uma missão. O Emerson “Chorão”, por exemplo, durante suas patinadas, não perdia uma oportunidade de convidar pessoas para a tarefa de “lutar pelo inline”, coisa que faz até hoje e, segundo dizem por aí, convida até as possíveis namoradas para participarem das reuniões da AAGIL. Além disso, alguns outros participantes eventuais foram se motivando para se associarem à causa e contribuir com novas discussões e idéias.

Até ali ainda pretendíamos criar uma entidade de administração desportiva estadual, uma federação. Na medida em que estudávamos as questões, porém, foi se tornando clara para todos a convicção de que não era o momento, ainda, de criar entidade em nível de federação ou liga estadual. Era muito cedo para tal, o conjunto dos praticantes ainda não se mostravam suficientemente engajado, os poucos interessados eram todos de Belém, avaliamos. Bastava uma entidade de prática, ainda que com abrangência estadual.

Num terceiro e último momento analisamos os problemas e estabelecemos hierarquia entre eles em termos da urgência de solução, vale dizer, ordenamos os problemas colocando nos primeiros lugares aqueles que a análise indicara como sendo os que precisavam ser abordados logo no início da atividade da associação. Aliás, para que nosso trabalho tivesse alguma garantia de continuidade o conjunto de fatos problemas tiveram suas soluções constituído, posteriormente, entre outros, os objetivos formais da entidade que veio a ser criada.

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